John Cassio Kalil Benevides

Muitos procuram zonas confortáveis, sem tentar outros caminhos e desafios. John Cassio, guitarrista nascido em São Paulo morando no Rio de Janeiro há 30 anos — faz o inverso, procura diversos caminhos para a sua música trilhar. Seja no fusion, no jazz, no violão clássico ou no rock instrumental, sua assinatura está presente.

Nascido John Cassio Kalil Benevides, John começou a estudar guitarra aos 13 anos e encontrou no seu professor Luciano de Castro ainda presente em sua trajetória uma espécie de guru, um mestre que levou sua técnica e sua maneira de pensar a música além. Desses primeiros ensinanentos até hoje, são 25 anos dedicados ao estudo e à pesquisa da guitarra. Hoje, paralelamente ao oficio de lecionar música, John tem um trabalho solo que já está no 7º álbum. Uma discografia diversificada que vai do fusion o primeiro álbum que leva o seu nome — aos standards de jazz do álbum Duo em parceria com o clarinetista e maestro Marko Rupe. Ainda tem espaço para um cd inteiramente dedicado ao rock instrumental intitulado Shred Planet disco em parceria com uma seleção de seus alunos.

John ainda tem dois trabalhos com o pianista e amigo Alfredo Sertã. Suíte com dependências e Ida e volta com escalas são dois CDs que valorizam o diálogo entre os instrumentos melódicos, sem acompanhamento de banda, buscando um caminho entre arranjos com toques de música clássica. John, a convite de Alfredo, tocou violão nos dois trabalhos.

Um projeto especial John guarda na memória e, por enquanto, na gaveta: um cd inédito gravado em parceria com o finado trompetista Barrosinho. Gravado no estúdio Mills, em Santa Teresa, o álbum é repleto de standards do jazz e da música brasileira em uma formação não muito convencional para o jazz: o piano sai de cena dando lugar ao trompete e à guitarra como protagonistas, acompanhados apenas por baixo e bateria. Entre as pérolas estão Naima, de John Coltrane; Solar, de Miles Davis; e uma versão particular de Garota de Ipanema, de Tom e Vinícius. Cada música foi um aprendizado; cada música tinha um momento; Barrosinho era um mestre do improviso, disse John Cassio, sobre as gravações.

O último trabalho: Estação da Luz

Estação da Luz apresenta um repertório totalmente autoral e com participações de nomes como Idriss Boudrioua músico francês radicado no Brasil que já acompanhou Marcos Valle, Ed Motta, Moacir Santos, Rosa Passos e outros gigantes e Marcos Amorim, co-produtor do álbum ao lado de John. A banda de peso conta com os baixistas Jorge Albuquerque e Rubens Leite; e a bateria de Rafael Barata, que já trabalhou com Edu Lobo, Zé Renato, João Donato e outros. Chamei uma turma que me inspirasse a fazer o melhor possível, conta John.

O álbum que marca uma nova fase na carreira do guitarrista e traz Pro Pat, homenagem a Pat Metheny - tem nove composições próprias que vão da calma inspiração jazzística de Inspiração até ecos de música brasileira em Engrenagem e Toca do Amorim. Para fechar o disco, Cata-vento, música que traz a guitarra como única personagem em cena. E é isso que John Cassio constantemente busca em sua história: a guitarra como personagem principal.

Por Fernando Neumayer Show less